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“A OVIA é uma expressão da diplomacia económica do concelho de Oeiras” | Entrevista

À conversa com o Oeiras Valley, o Embaixador António Martins da Cruz, Presidente do Conselho de Administração da Oeiras Valley Investment Agency (OVIA), falou sobre o trabalho da agência, nos últimos anos, para atrair investimentos para o Município e partilhou a sua perspetiva acerca do presente e futuro do Oeiras Valley.

Político e diplomata português, foi Embaixador de Portugal, na OTAN, UEO e Espanha. Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros. É licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa e formado em Estudos Europeus e Direito Comunitário pela Universidade de Genebra.


Que balanço faz dos primeiros anos da OVIA – Oeiras Valley Investment Agency?


A Oeiras Valley Investment Agency foi criada há um ano e meio. O que procurámos fazer neste período? A OVIA é uma expressão da diplomacia económica do concelho de Oeiras, somos uma agência completamente privada, uma associação sem fins lucrativos. Criada em consonância com a Câmara Municipal de Oeiras e concretamente com o seu presidente, Sr. Dr. Isaltino Morais, para atrair investimento, sobretudo estrangeiro, mas também nacional, para o Município. Ou seja, nós não queremos trazer investimento industrial, até porque não há espaço em Oeiras e não é essa a vocação do concelho, mas sim investimento tecnológico e inovação, como são exemplo os seis parques tecnológicos e empresariais que já existem no concelho.

A nossa missão é tentar captar investimento dentro destes parâmetros, realçando alguns elementos importantes, tais como a localização do concelho de Oeiras, as suas características de qualidade de vida, os parques, os jardins, a frente marítima, a qualidade de vida, que é muito importante, e a educação. Nós temos, em Oeiras, escolas internacionais, várias universidades e institutos técnicos, o que representa uma qualidade de vida diferente de outros concelhos. Daí, o que procuramos expressar é a excelência do concelho de Oeiras para este tipo de investimentos.


E do projeto Oeiras Valley?


O Oeiras Valley, no fundo, é uma filosofia de vida, com qualidade, amparado nestes projetos tecnológicos de inovação, na educação, na cultura. E, em tudo isto, Oeiras quer ser diferente dos outros concelhos, mas sem entrar em confronto nenhum.

Oeiras tem o seu plano e prossegue-o. Sobretudo nestas áreas. E o conceito de Oeiras Valley implica isto tudo e começa justamente pela qualidade de vida. O Município tem, neste momento, uma qualidade de vida que dificilmente outros concelhos terão, pela sua localização, pela importância estratégica dos investimentos que ali foram feitos, pelas pessoas que lá vivem. Por exemplo, Oeiras é o único concelho do país em que, se um aluno terminar o Ensino Secundário e a família não tiver dinheiro para lhe pagar os estudos universitários, o Município paga os estudos universitários, o que é uma coisa extraordinária, a nível nacional. Primeiro porque é o único, mas depois prova que Oeiras dá muita importância à qualidade de vida através da educação, do ensino e, obviamente, depois da inovação e da tecnologia.


Como analisa, do ponto de vista estratégico, o investimento do Município em ciência, tecnologia e educação?


Este tipo de escolha, para a ciência, tecnologia, inovação e educação, foi feita pelo Sr. Dr. Isaltino Morais, há muitos anos, quando assumiu, pela primeira vez, a Presidência da Câmara Municipal de Oeiras, e tem vindo a ser realizado ao longo dos últimos 20 anos.

Oeiras não pode competir com outros concelhos onde há uma enorme concentração industrial, de maneira que resolveu, e bem, especializar-se neste tipo de investimento: em parques tecnológicos, em inovação, em educação e na qualidade de vida.

Estamos a atravessar uma evolução na economia portuguesa. Em geral, há trinta anos, dedicava-se a exportações, sobretudo de produtos não muito elaborados. Com a globalização, os têxteis, os calçados e todas as outras produções que Portugal tinha, foram ultrapassados pelos outros continentes, sobretudo asiáticos. Portugal teve, cada vez mais, que se especializar naquilo em que a Oeiras se adiantou a todos os outros. Ou seja, a inovação, a tecnologia, a educação – aquilo que atrai, neste momento, os investimentos. Daí o sucesso que temos tido na apresentação de Oeiras no exterior.


Que investimentos tem a OVIA em curso?


A nossas apostas têm sido muito simples. O que é que nós temos procurado fazer? Atrair investimento estrangeiro para Oeiras. O que é que nós fazemos? Reunimos com grupos de empresários que vêm a Portugal.

Tivemos nos últimos dois/três meses reuniões com mais de quarenta investidores indianos que vieram a Portugal e andam à procura de local para realizar investimentos. Fizemos missões ao exterior também. Por exemplo, tivemos uma reunião com doze ou treze fundos de investimento, durante três dias, em Londres. Já houve um dos fundos que manifestou interesse no investimento concreto em Oeiras, de cerca de 140 ou 150 milhões de euros e estamos a continuar o diálogo com esse fundo de investimento.

Realizámos uma missão integrados numa delegação da Câmara Municipal de Oeiras, à China, onde estivemos seis dias em Pequim, reunindo com diversas empresas tecnológicas chinesas que estão interessadas em vir para Portugal.


Acompanhámos também um projeto muito importante, que é talvez o maior investimento imobiliário em Oeiras, de cerca de quatrocentos milhões de euros de um grupo chinês com um grupo português, o grupo Teixeira Duarte, que também tem a sua sede em Oeiras. O projeto visa a construção de um parque tecnológico, em princípio destinado a qualquer empresa, mas preferencialmente para empresas chinesas, e também nove edifícios de habitação.

Nós fazemos duas coisas, essencialmente. Apresentar Oeiras a investidores, a fundos de investimento a empresas. E depois acompanhar o processo daqueles que estão interessados em investir em Oeiras. Neste momento, segundo informação do Vice-Presidente da Câmara, Dr. Francisco Rocha Gonçalves, estão previstos cerca de dois mil e duzentos mil milhões de euros de investimento em Oeiras, o que é muito importante.

Além disso, temos de ter em atenção que Oeiras tem neste momento um Financial District, dois dos quatro maiores bancos portugueses estão a Oeiras. Um já lá está há muito tempo e o outro instalar-se-á nos próximos meses. Temos, neste momento, uma Media City, onde as duas televisões privadas que há em Portugal estão a Oeiras, já temos vários jornais e um importante grupo de media vai-se transferir nos próximos meses também para o Município.


Tudo isto dá uma densidade e um volume para atrair investimentos. O que é que nós fazemos? Nós somos um fast track para acelerar, se for possível e cumprindo a lei, os investimentos em Oeiras, apresentando as oportunidades e acompanhando todo o percurso que leva a que o investimento se concretize, quer tenha sido trazido por nós, quer por empresas para fazer isso.

Por outro lado, a segunda parte da nossa missão é internacionalizar as empresas que estão em Oeiras. Quando vamos ao exterior, levamos sempre connosco ou associados da agência ou na apresentação que nós fazemos, juntamos as apresentações das empresas que já estão no Município e que manifestam interesse em que nós divulguemos o seu trabalho. Estes são os grandes parâmetros da nossa ação.


Como imagina o futuro do Oeiras Valley?


Imagino o futuro de Oeiras, em primeiro lugar, ligado a Portugal, porque nós não somos uma ilha no meio de um oceano. O Município está integrado na região metropolitana de Lisboa, a capital, e portanto, o futuro de Oeiras está seguramente ligado ao futuro de Portugal.

Neste momento, as empresas que estão em Oeiras dão um contributo muito importante para a economia portuguesa. Se nós excluirmos as empresas financeiras, ou seja, os bancos que estão em Oeiras, a faturação dessas empresas, representa cerca de 12% do PIB de Portugal. Não há muitos concelhos em Portugal que possam dizer o mesmo ou que possam atingir uma percentagem de PIB no contributo para a economia nacional.

Em Oeiras contribuímos para a economia nacional, mas também sofremos as consequências da situação geral. Temos de ser otimistas, ou seja, Portugal está, obviamente, a desenvolver-se, sobretudo, desde que aderimos à União Europeia, nos últimos 40 anos.

O turismo, por exemplo, que representa neste momento uma percentagem muito importante da riqueza e da criação de riqueza em Portugal e também Oeiras. Temos hotéis importantes em Oeiras e temos também a possibilidade de desenvolver outras características para o turismo nacional com os parques que temos.


Portanto, acompanhando este movimento tentamos ser excelentes e diferentes. Como? Pela qualidade de vida, pela educação, pela cultura, pelos investimentos sobretudo tecnológicos e aproveitando as ligações que Oeiras tem ao exterior.

Oeiras tem um acordo de cooperação, uma geminação, com a cidade de São José na Califórnia, que é onde está o Silicon Valley. Temos previsto nas nossas atividades para 2024, não só regressar à China, através de reuniões previstas com a mais importante zona tecnológica da China e já temos acordos assinados com Shenzhen, ao lado de Hong Kong, bem como reuniões previstas em Zhuhai, que é outra zona livre, e também em Macau. Está igualmente prevista a ida aos Estados Unidos para falar com fundos de investimento em Nova Iorque, provavelmente também em Boston, aproveitando a importante comunidade portuguesa que lá está e muitos deles relacionados com negócios e também com fundos de investimento e ainda uma ida à Califórnia, em São José, para visitar Silicon Valley e tentar atrair mais empresas tecnológicas americanas para Oeiras. Atualmente temos a Google, a Cisco, a HP, várias empresas multinacionais e estamos interessados obviamente em trazer mais.”

Fonte: https://www.oeirasvalley.com/a-ovia-e-uma-expressao-da-diplomacia-economica-do-concelho-de-oeiras/

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